Uma onda de investimentos massivos está sendo direcionada para o desenvolvimento de inteligência artificial (IA) generativa. Nos próximos anos, empresas e investidores destinarão grande parte dos seus recursos para essa tecnologia emergente. Mas terão o retorno esperado? Sung Cho e Brook Dane, gestores de portfólio do Goldman Sachs Asset Management respondem.
Pontos-chave (Key Insights):
- Investimento Significativo em IA e Hardware: Há um fluxo considerável de investimento em inteligência artificial generativa, impulsionado pela expectativa de que a IA terá um impacto profundo e de longo prazo.
- Desafios na Avaliação do Retorno sobre Investimento (RoI): Existe uma grande discussão sobre se os investimentos em IA estão gerando retornos justificáveis. O retorno sobre investimentos pode não ser imediato e ainda há incertezas sobre quais aplicações de IA se provarão mais lucrativas.
- Possibilidade de um Mercado de “Vencedor Leva Tudo”: Há uma preocupação de que a competição possa resultar em um mercado de “vencedor leva tudo”, onde apenas um ou poucos modelos de IA se destacarão e capturarão a maior parte do mercado.
Uma maré de investimentos: o que se pode esperar da IA
O investimento em inteligência artificial é o assunto do momento: ele não está apenas sendo direcionado ao desenvolvimento de modelos de IA, mas também ao ecossistema que sustenta esses sistemas, desde o hardware especializado, como os chips da NVIDIA, até as empresas de energia responsáveis por fornecer eletricidade para os data centers que treinam esses modelos complexos.
Em 2022, a fabricante de chips e semicondutores gerou US$ 26 bilhões em receita. Em apenas dois anos, esse número quadruplicou, refletindo o aumento exponencial da demanda por infraestrutura de IA. “Se compararmos o que está sendo gasto em chips da NVIDIA com o total de despesas de capital em nuvem, cerca de 50% está indo para os chips da NVIDIA”, explica Sung Cho, gestor de portfólio do Goldman Sachs Asset Management.
Cho e o seu colega Brook Dane, também gestor do Goldman Sachs, entrevistaram os executivos de vinte das maiores empresas de tecnologia, e concluíram que algumas empresas já estão gerando retornos com a IA. Um dos CFO foi claro: “eles têm o dinheiro e se pudessem obter mais GPU para implantar, eles o fariam”.
Um dos exemplos citados é o de uma grande empresa de tecnologia que está a otimizar seus motores de recomendação, aumentando o tempo que os usuários passam em suas plataformas. “Para eles, o cálculo de RoI é provavelmente o mais simples de fazer, porque você pode implantar um cluster, fazer um algoritmo mais sofisticado que leve a mais tempo gasto, o que pode gerar mais espaço para publicidade, e isso impulsiona a receita”, comenta Dane.
Mas, apesar desses sinais iniciais de sucesso, nem todas as empresas conseguem acompanhar o ritmo de inovação. “Há uma espécie de corrida armamentista”, observa. Empresas que não conseguirem investir nas tecnologias de IA de ponta correm o risco de ficar para trás, especialmente em um mercado onde os primeiros a adotar podem obter uma vantagem competitiva significativa.
O desafio do retorno sobre o investimento
Embora o potencial da IA generativa seja imenso, ainda há incertezas quanto ao retorno financeiro imediato. Sung Cho destaca que, embora o investimento seja colossal, o retorno pode não ser visível em um horizonte de um ou dois anos. “Se olharmos para os próximos um ou dois anos, talvez o RoI não seja tão grande”, diz Cho. No entanto, ele acredita que o cenário a longo prazo é promissor. “Se você tiver um fluxo de retorno de 20 anos associado à construção da melhor pilha tecnológica hoje, certamente poderá justificar o investimento.”
Além disso, e voltando ao caso da NVIDIA, esta prevê que sua capacidade de processamento de IA se tornará um milhão de vezes mais eficiente na próxima década. Isso significa que a infraestrutura construída agora poderá ser reutilizada para futuras fases da IA, o que pode aumentar ainda mais o retorno sobre o investimento ao longo do tempo.
No entanto, como adverte Brook Dane, o mercado de IA pode não seguir uma trajetória linear. Nenhum ciclo tecnológico sobe de forma linear: “Você tem essas ondas de investimento-digestão, e de expectativa-realidade (…) e as duas se desenrolam ao longo de um horizonte de vários anos”, explica ele. A transição da fase de treinamento dos modelos de IA para a fase de inferência será crucial para determinar se o investimento valerá a pena no futuro.
O futuro da IA: uma corrida de vencedores?
Uma das maiores questões que pairam sobre o futuro da IA generativa é se o mercado se tornará um jogo de vencedor leva tudo. “Sabemos que não haverá mais de quatro empresas competindo nesse espaço”, resume Cho. Google, Meta, OpenAI e Anthropic são as principais candidatas a dominar esse mercado, uma vez que possuem os recursos necessários para continuar investindo pesado em inovação.
Dane acredita que ainda é cedo para determinar se uma única empresa dominará o setor ou se haverá várias soluções competitivas. “Será que o melhor modelo daqui a três anos será tão superior que dominará 80% do mercado? Ou teremos quatro modelos robustos, cada um servindo diferentes casos de uso?”, questiona ele. O futuro da IA depende de como essas empresas conseguirão equilibrar o ritmo de inovação com a eficiência dos modelos.
Independentemente de quem vencer essa corrida, os especialistas concordam que a inteligência artificial terá um impacto profundo em diversos setores. “Estamos muito confiantes de que este ciclo tecnológico é real”, conclui Dane. A IA generativa ainda está em sua fase inicial, mas seus efeitos transformadores já são visíveis e continuarão a moldar a economia global nas próximas décadas.
Para ler o artigo original, clique aqui.