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Biografia dos participantes
Nicolai Tangen (apresentador): investidor norueguês conhecido por fundar e dirigir a AKO Capital em Londres. Ele também é reconhecido por seu envolvimento em atividades filantrópicas e culturais na Noruega, incluindo sua contribuição para a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea. Em 2020, Tangen foi nomeado CEO do Fundo Soberano da Noruega, um dos maiores do mundo, causando controvérsias devido à sua transição do setor privado e possíveis conflitos de interesse.
Daniel Ek (entrevistado): empresário sueco, cofundador e CEO do Spotify, uma das maiores plataformas de streaming de música e podcasts do mundo. Lançado em 2008, o Spotify revolucionou a indústria da música, oferecendo acesso a milhões de faixas para milhões de usuários em todo o mundo. Ek é reconhecido por sua visão empreendedora e por liderar o crescimento global do Spotify.
Introdução (00:00 – 00:54)
O apresentador inicia, nos primeiros segundos do podcast, uma breve apresentação e mostra pontos que serão esclarecidos por Daniel EK, como a forma com que ele revolucionou a indústria da música, o que o motiva, o que ele pensa sobre sua mãe, riqueza, além de outros insights.
A introdução ainda é iniciada por uma música que, segundo Daniel Ek, atingiu mais de 2 bilhões de execuções no Spotify, números corrigidos por Nicolai, que informa que o stream já atingiu impressionantes 3.9 bilhões de execuções.
O que está no Spotify de Daniel Ek (00:55 – 01:37)
De acordo com o CEO, após perguntando sobre o que ouve em sua conta do Spotify, seus próprios filhos a “invadem” e, portanto, músicas infantis são predominantes, além de Nicki Minaj e rap.
Seu gosto, no entanto, fica por músicas africanas e um pouco do estilo country.
Em seguida, Daniel é perguntado sobre para onde vai a tendência da música e, como resposta, sugere que há duas tendências macro:
- Hiperlocais: Daniel informa que uma das tendências é uma música mais regionalizada e usa o Brasil como exemplo, citando o gênero Gospel (um dos mais tocados), além do Funk.
- Globalização: Do outro lado, Daniel cita o efeito global que fez com que estilos e artistas atingissem públicos antes impossíveis, como fez o sulamericano reggaeton, além de profissionais como Bad Bunny.
Como resultado, Daniel aposta que haverá, num futuro estimado de 10 anos, grande presença musical de Bollywood e de ritmos africanos.
Quanto tempo Daniel Ek dá à uma música antes de seguir em frente (01:38 – 03:32)
Sobre a média dada a uma nova música, Daniel brinca que daria 20 segundos para decidir se gosta dela, caso fosse recomendada por Nicolai. No entanto, o CEO afirma que, em geral, o tempo dado pelas pessoas é de 3 a 4 segundos.
Esse cenário fez com que as músicas abandonassem as longas introduções para, mais rapidamente, cativar o público. Daniel ainda frisa que os mundos dos conteúdos rápidos e dinâmicos e dos estáticos e detalhados, coexistem, como vídeos curtos e podcasts longos usados para exemplificar.
Sobre a infância de Daniel Ek (03:33 – 05:09)
Daniel conta que sua família trabalhava em Estocolmo, Suécia, mas com condições bastante difíceis de sobrevivência. No entanto, com o final da Segunda Guerra Mundial, a Suécia iniciou um programa de habitação nos subúrbios de sua capital, para onde a família do CEO se mudou em busca de confortos básicos para aquele país, como aquecimento e afins, a baixos preços.
Com a chegada de grandes massas de imigrantes e forte influência da então Iugoslávia, Daniel afirma que teve uma infância diversificada, mas em presença de grandes problemas sociais, como as drogas. O cenário adverso ainda fez com que a família do CEO passasse do que ele chama de “classe média” para uma classe mais abaixo, de trabalhadores.
Sobre as metas audaciosas de Daniel Ek (05:10 – 07:17)
Nicolai diz que quase todos nós temos sonhos e metas, mas as que Daniel teve foram realmente ousadas. Ele responde que o cenário que viveu leva a duas realidades e que uma delas era a de ver que havia pessoas dali chegando a grandes postos, como jogadores da NHL, da seleção sueca, além de artistas e outros, o que o teria motivado.
Aposte em você (07:18 – 08:04)
Nicolai reforça o conceito de confiar em si, sugerindo que foi o que Daniel fez. O CEO diz que sim, que seria melhor investir em si do que em algo ou alguém em que você não conhece, uma vez que, teoricamente, você sabe da sua capacidade e habilidade.
Aposentadoria (08:05 – 08:49)
Nicolai relembra que Daniel já havia fundado uma empresa aos 14 anos, entre outros feitos, e que pôde se aposentar aos 23. – “Por que demorou tanto?” – brincou o apresentador.
Daniel conta que teve altos e baixos, incluindo falência, e teve que viver novamente com seus pais por um tempo. Mas que, com sorte, vendeu alguns negócios que criou e foi pago em equity – o que ele nem sabia o que era, pensando que seria um compromisso do comprador de pagá-lo quando tivesse dinheiro – mas que, eventualmente, tornou-se um bom dinheiro.
A mudança do dinheiro (08:50 – 09:49)
Daniel conta que ter muito dinheiro, a princípio, permitiu muitos lazeres, incluindo sair com mulheres que antes seriam impossíveis. No entanto, o CEO ressalta que, em pouco tempo, descobriu que aquilo não era a vida que ele realmente desejava e, inclusive, afirma que perdeu um pouco de quem ele era nesse processo.
Daniel destaca que descobriu que empreender é sua paixão e que sua maior realização foi quando percebeu que ele faria tudo isso de novo, mesmo que não houvesse nenhum ganho financeiro no processo.
Ele ainda destaca a importância de gostar do que se faz, de viver bem com as suas tarefas ou atividades e, por fim, que a menor chance de causar um impacto positivo no mundo é uma coisa que o atrai muito.
Por que a música? (09:50 – 12:40)
Daniel conta que tinha um ex CO-Fundador que havia tido muito sucesso na Suécia e, inclusive, feito mais dinheiro que ele. Em dado momento, ambos estavam na mesma situação, quando esse empreendedor disse que gostaria de iniciar algo com Daniel.
Depois de sugerir uma série de coisas, Daniel escutou: “Mas o que você ama?“
A resposta: música e computadores deu início ao que hoje conhecemos como Spotify. Daniel, que pensava que a música era um declínio, foi contradito pelo outro empreendedor, segundo conta.
A partir daí, Daniel conta que, na época, havia duas gigantes no universo da música digital: Kazaa e Napster. No entanto, ambas tinham dois problemas-chave:
- As músicas eram baixadas (por vezes, demoradas) de forma ilegal, o que não contribui com a indústria;
- Havia uma alta possibilidade de vírus, conteúdo de baixa qualidade e afins.
Daniel Ek destaca que, por muito tempo, esses eram modos bem-aceitos, advogados, inclusive, pelo primeiro-ministro sueco da época, algo que chegou aos EUA como “Piracy Party” (Festa da Pirataria).
Por fim, questionado se o Spotify salvou a indústria, Daniel diz que o streaming salvou essa indústria (entre outras) e que o Spotify é uma parte relevante do streaming.
Por que algumas pessoas não acreditam no modelo? (12:41 – 13:56)
Embora tratado como “herói” por Nicolai, Daniel explica que o modelo sofre certa desconfiança por algumas razões, são elas:
- Popularidade: alguns artistas, no caso de músicas, reclamam que já não ganham o que costumavam, mas, de acordo com Daniel, isso se dá pelo fato de que eles já não são tão populares quanto antes;
- Quantidade: embora hoje haja mais pessoas alcançando o sucesso, o número de pessoas que tentam e não o alcançam cresce muito mais, o que gera ainda mais descrença e desconfiança, além de frustração.
Na opinião de Daniel, esse cenário faz com que o número absoluto de pessoas que chegam ao sucesso seja maior, mas o número relativo, ou seja percentual, seja menor, tornando a narrativa complexa.
Daniel ainda ressalta que essa globalização faz com que números antes expressivos já não sejam tão importantes, exemplificando com uma música que atinge 1 milhão de execuções frente àquela tocada na introdução, que se aproxima de 4 bilhões.
Além disso, o pagamento, em muitos casos, é dividido entre compositores, artistas e outros, o que também diminui o volume de pagamento final de cada um.
Essa questão, segundo Daniel, traz ao mesmo a reflexão: “É ou não justo que ele – o inventor do Spotify – faça tanto dinheiro em tal contexto?“. De acordo com o CEO, essa é uma pauta que deveria ser discutida e que ele mesmo reflete constantemente sobre o tema.
Igualdade x Oportunidade (13:57 – 14:29)
Daniel Ek vê que há um conflito quando alguns estão bem financeiramente e outros em dificuldade. Mais ainda, o CEO conceitua a diferença de igualdade em muitas partes da Europa e nos EUA, como segue:
- Igualdade EUA: todos terem as mesmas oportunidades;
- Igualdade Europeia: todos terem os mesmos resultados.
Na opinião de Daniel, porém, nenhum dos dois sistemas é capaz de entregar a sua premissa, o que gera críticas aos que, digamos, saem do padrão (outliers).
Sobre o nascimento do Spotify (14:30 – 17:52)
Nicolai inicia esse bloco com a pergunta: “De que precisamos se quisermos abrir uma empresa?”
Daniel começa com a sugestão de um livro que debate genética ou ambiente na formação da pessoa, escrito por David Epstein. De acordo com o CEO, pode ser que esse sentimento desbravador/ empreendedor seja genético.
No entanto, Daniel diz que prefere acreditar que o meio é responsável por nos moldar em grande intensidade e, portanto, para se criar uma empresa deve-se ordenar componentes na ordem correta, em uma analogia. Alguns exemplos seriam:
- Problemas não-resolvidos (mal-resolvidos);
- Capital para iniciar;
- Talentos e pessoas.
Em seguida, o CEO é questionado sobre como atrair esses talentos. Na visão de Daniel, trata-se da narrativa e, voltando ao seu ponto, o CEO reforça que tudo isso existe em abundância na Europa, por exemplo.
No final, Daniel afirma que se trata de mindset.
Começando uma empresa
Daniel diz que o nascimento de grandes empresas, por vezes, não ocorre porque nós não estamos acostumados a ver grandes vitórias nesta indústria. E, assim, a ideia de empreender muitas vezes nunca sai do papel, o que deve ser o primeiro grande passo.
Daniel diz que, se você começou de fato, você já está no 1% de sucesso, visto que 99% das pessoas que têm uma ideia, simplesmente, abandonam a mesma dentro de algum período de tempo.
Começando uma startup
Nicolai afirma que não há muitos exemplos a serem seguidos neste campo na Suécia e indaga o convidado sobre começar uma startup bem-sucedida.
Daniel conta que aos 16 anos passava todas as suas noites programando para a sua então empresa. Entretanto, a falta de habilidade em negócios fez com que o negócio rapidamente ruísse.
Posteriormente, ele se juntou a outra empresa e, lá, encontrou grande parte do pessoal que estava com ele anteriormente. Por conhecer a capacidade deles, o CEO os contratou para o que se tornaria o Spotify atual.
A lição que Daniel declara é que mesmo os fracassos geram conhecimento e outros fatores importantes para o sucesso.
O ecossistema da música (17:53 – 19:00)
Nicolai afirma que Daniel exporta músicas e ele concorda que isso foi importante para a criação de um ecossistema saudável. Daniel traz uma ideia de que todos os streaming de música têm, até certo ponto, uma raiz norueguesa e sueca, visto que até o Apple Music é uma incorporação de uma antiga empresa dessa região.
Sobre ter um assistente pessoal (19:01 – 22:16)
Nicolai destaca que possui um assistente pessoal excelente e questiona sobre essa necessidade por parte de Daniel. O apresentador ainda se refere à importância de um bom assistente e de uma amizade com ele, visto que ele “tem a chave do império”.
Daniel diz que, embora algumas empresas tenham o poder concentrado no CEO, utilizando a Tesla de Elon Musk como exemplo, ele acredita que o jeito norueguês de gerenciar envolve delegar e que pessoas que, de fato, estão fazendo o trabalho, por vezes, possuem a autonomia e o que for necessário para tomar uma decisão positiva.
O CEO ainda ressalta que, no caso do Spotify, ele deve ser uma das pessoas que menos toma decisões. Isso reforça a importância do assistente pessoal.
Daniel conta uma passagem para explicar o “poder” do assistente. Em dado momento, ele precisava se reunir com um executivo de uma grande gravadora e, todas as sextas-feiras, conseguia. A certa altura, o executivo quis saber como ele conseguia um espaço na agenda dele todas as sextas-feiras e, em resposta, Daniel conta que descobriu uma barra de chocolate que a assistente do executivo gostava e, sempre que podia, ele a levava até a moça, aproveitando para garantir o seu espaço na agenda, na próxima semana.
Experiência personalizada (22:17 – 23:40)
Nicolai questiona sobre o futuro do Spotify, com o advento das inteligências artificiais e outros contextos relevantes.
Daniel afirma que remover a fricção ou dificuldade que um indivíduo tem de ir do ponto A ao B é o segredo de todos os negócios bem-sucedidos. Nesta concepção, ele acredita que o Spotify reforçará a sua atenção em tornar mais fácil tudo o que busca seus dois clientes: o criador de conteúdo e o ouvinte.
O CEO ainda afirma que resolver algo que seja comum dos dois públicos é ainda mais vital.
A experiência como consumidor
Nicolai pergunta sobre o que ele, enquanto consumidor, perceberá de novo no futuro do Spotify. Daniel responde com a maior quantidade de ótimos criadores e produções disponíveis.
A experiência como criador de conteúdo
Na outra ponta, Daniel diz que os criadores encontrarão consumidores de forma mais fácil com a evolução de algoritmos e inteligências artificiais, o que também se constitui, de acordo com o convidado, papel do Spotify.
Daniel finaliza dizendo que, atualmente, se uma pessoa buscar o que deseja ouvir, com esforço, será capaz de criar uma playlist superior às recomendadas pelo Spotify. No entanto, em 5 ou 10 anos, a plataforma será capaz de recomendar uma playlist melhor do que aquela que o usuário montaria para si.
Os podcasts que Daniel Ek escuta (23:41 – 25:10)
Daniel diz que escuta diversos podcasts, a exemplo de livros, que ele costuma ler três ao mesmo tempo. No caso dos livros, ele ainda diz que costuma ler algo de romance para relaxar, algo que o faça evoluir profissionalmente e algo sobre o qual ele não saiba absolutamente nada.
Seus hábitos quanto a podcasts são similares.
A tentativa de compra do clube Arsenal (Inglaterra) (25:11 – 26:29)
Nicolai relembra que, em determinado momento, Daniel tentou comprar o clube de futebol Arsenal, da Inglaterra. O CEO conta que, em um momento passional, considerou a compra do clube, do qual ele é fã desde 1991.
No entanto, o que seria, a princípio, uma manifestação de oportunidade, tornou-se rapidamente uma corrente em prol do CEO, que passou algum tempo entendendo como o clube funcionava, o valor, como faria uma proposta.
Depois de uma analogia em que no mundo dos negócios, ao contrário do futebol, algumas “equipes” podem vir com 10 mil “jogadores” enquanto a outra possui apenas 10 “jogadores”, Daniel é questionado sobre como ele constrói o seu time.
A seguir, os requisitos dados por Daniel:
- Pessoas mais conservadoras que enxerguem riscos onde ele não consegue, por sua mente otimista;
- Pessoas mais realistas, sobretudo, em relação a prazos.
Em suma, Daniel acredita em habilidades que complementam aquelas que ele possui.
O que faz Daniel seguir em frente (26:30 – 29:57)
Daniel acredita que há muito mais por se fazer nesta indústria e que servir a criadores de conteúdos é servir a um grupo de indivíduos que está entre os grupos mais brilhantes da humanidade.
“É uma honra” – o CEO resumiu.
Além disso, busca passar sua riqueza a outros empreendedores e ajudá-los a pensar ainda maior e ajudar a sociedade.
Daniel termina enumerando alguns mercados onde possui algumas empresas, que vão desde empresas de defesa na Suécia, até saúde e cuidado com o meio ambiente.
Sobre felicidade (29:58 – 31:59)
Nikolai destaca que algumas das pessoas tidas como mais felizes no mundo por serem extremamente abastadas são, na verdade, almas sofridas. Em seguida, vem a pergunta sobre o que Daniel faz para parecer tão feliz.
Daniel empatiza com problemas que todos nós temos sobre sermos melhores, dúvidas, ansiedades e afins, apontando que se cercar de pessoas que o ajudam a ter um ambiente leve, produtivo e alegre é o que o traz felicidade.
Além disso, o impacto que causa e a felicidade das pessoas com quem ele trabalha também são motivos para comemorar.
O conselho final de Daniel é usar bem o tempo que temos, uma vez que ele é curto.